quarta-feira, 7 de abril de 2010

Veja, a Sociologia e a Filosofia

Em 2001, junto aos meus colegas do movimento estudantil de ciências sociais, fomos à Brasília militar pelo ensino de sociologia e filosofia no ensino médio. O curioso é que estivemos na capital federal no momento do escândalo do Jader Barbalho. É claro que esse evento era mais significativo e a votação que nos afetava diretamente ficou em segundo plano. O projeto de lei pelo ensino da sociologia e da filosofia foi aprovado sem problemas e o então presidente Fernando Henrique vetou. Agora, a sociologia e a filosofia são obrigatórias o que motivou a revista Veja a escrever este texto.  A reportagem da Veja repete os preconceitos e se refugia em argumentos evasivos. Como estudante de licenciatura e futuro professor de sociologia tenho a obrigação de compor, juntamente com meus alunos, um pensamento crítico colocando em questão palavras de ordem ou conceitos vazios que nada acrescentem. A sociologia, assim como a filosofia, fabricam (e refrabicam) conceitos atentas ao rigor metodológico da área. E é esse corpo teórico que deve ser trabalhado em sala de aula levando em consideração a realidade de cada turma e de cada aluno, como nos mostrou Paulo Freire. A sala de aula é um espaço e um tempo de encontros e de composição de idéias e a matéria a ser lecionada é o fio condutor. A Veja coloca em questão este ensino alegando que deveríamos ter mais matemática. Ora, a revista acha que pensar sobre o ser humano e suas relações sociais num mundo caótico como o nosso não é necessário? Porque opor o saber humano e social ao saber matemático? O que uma coisa tem a ver com a outra? A não ser que, seguindo a cartilha do Capitalismo Mundial Integrado o mercado financeiro, os indicadores sociais e econômicos, a pesquisa quantitativa são mais importantes do que a pesquisa qualitativa, as relações humanas, a observação participante, a afetação mútua oriunda do encontro entre diferentes histórias de vida. Volto a repetir, ambas as análises são indispensáveis e se complementam, isto é, tanto a matemática quanto a sociologia e a filosofia não estão em oposição - é uma ou a outra - mas sim, em relação, interligadas, uma suplementando a outra.

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