sábado, 18 de outubro de 2008

parênthesis > outras perspectivas do eu

A verdade é que pela meditação você se torna cada vez mais você (David Lynch)

Qual o lugar do indivíduo nas sociedades tribais africanas ou indígenas? Como o candomblé, a umbanda, o Daime, enfim, essas espiritualidades brasileiras e contemporâneas resignificam a construção histórica da identidade? Como dialogam as noções coletivas dessa religiosidade com a produção da subjetividade capitalista?

"La producción de subjetividad capitalista produce individuos, hay que recordar que el individuo es una invención relativamnte reciente. En una tribu, la subjetividad no produce individuos. El individuo es una forma de subjetivación históricamente determinada. Los marginales, los locos, los negros, los indios están iniciando modos disidentes de producción de subjetividad" (Perlongher, 2004, p. 296-7).

O candomblé seria uma antropofagia negra brasileira da ancestralidade africana. Uma criação pau-brasil. Uma faísca dissonante, oriunda da diáspora negra. O Daime devora o uso ritual e espiritual da ayahuasca. Essas religiosidades, com suas normas e seus êxtases devoram a perspectiva da identidade racional ocidental e germinam outras perspectivas. Refletindo sobre o candomblé: o iyaô é um filho de santo, não pode ser entendido isolado e independentemente da família de santo e da linhagem da qual faz parte. Ser filho de um santo significa ser canal ou mensageiro daquele axé e segue uma linhagem ancestral de antepassados do mesmo tronco. Além disso, o iyaô tem um ori (cabeça) e um odu (um signo de vida): ori possibilita seu livre-arbítrio, suas escolhas e o odu narra seus ires (facilidades, aptidões e positividades) e seus osogbos (dificuldades, inaptidões e negatividades). Outra perspsctiva convivendo com o indivíduo analisável da psicanálise.

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